segunda-feira, novembro 24, 2008

Desabafo

Eu entendo que o rato roeu a roupa do rei de Roma e posso imaginar que a rainha de raiva roeu o resto;
Também é possível à minha massa cinzenta compreender que três pratos de trigo para três tigres tristes é algo plausível;
E que uma andorinha não faz verão - é questionável?

Talvez esses ditados venham apenas confirmar a minha perplexidade racional, a dualidade de relacionamentos que envolvem - afinal, suponho(inocentemente, talvez?) que seja necessário existir - uma mistura de paixão, amizade e atração sexual. Sentimentos que na melhor das hipóteses resultem numa bela história de amor - e quando se fala de amor, até mesmo a última hipótese traz consigo um bem querer tênue.

Creio que todo relacionamento entre duas pessoas possui um ciclo vital; e "até que a morte os separe" talvez tenha um significado muito além do que literalmente interpretamos. Cada pessoa que peregrina conosco durante a caminhada, por pouco (ou muito) tempo, traz consigo alguma lição, algo a compartilhar, algo a dizer; e quando a jornada está completa para ambos, eis que chegou o momento de se distanciarem; até um novo ciclo em comum, quem sabe, ou para trajetos opostos e vitalícios.

O que não significa que tal relacionamento não deu certo! Pelo contrário. Todo relacionamento dá certo até o momento que é preciso. E tão acostumados que somos a sonhar com o espectro de um futuro impossível, colecionamos frustrações e medos, a cada paixão que ousa se aproximar.

O que me intriga, o que ainda coça meus pés, são os pós-relacionamentos de hoje, ontem, talvez de sempre. Pessoas que trocavam juras de amor, hoje se evitam; casais que planejavam caminhadas ao som de borboletas, hoje trocam silêncios estrondosos; homens e mulheres que ofereciam ombros, hoje se dão as costas.

Aqueles que me conhecem, sabem a necessidade que sinto de ficar sozinha - entretanto, também presenciaram a minha natureza intensa àqueles poucos que pude dizer "eu te amo" - e levo tão a sério essas três palavras, que não as dissemino para qualquer um, de qualquer jeito.

Mas estou neste mesmo mundo que vocês. E neste mundo ainda pregam que o mais forte é aquele que não demonstra uma atitude de afeto, de gentileza, de educação. E isso é tão palpável em relacionamentos que se foram, que mais uma vez me deparei numa situação como esta. Talvez eu tenha procurado por isso, talvez. Mas é a minha mistura libra-peixes que acredita no belo, que acredita que por baixo do olhar rude existe um brilho qualquer.

O brilho pode estar apenas na minha imaginação. É possível. Mas prefiro assim.

Um comentário:

Drico Andante disse...

Adorei essa reflexão Linda! Acho que nada mais profundo!
Tbm nunca concordei q duas pessoas q trocaram juras de amor possam se dar as costas, eu pelo menos nunca o fiz e trago de meus relacionamentos grandes experiências e grandes amizades!
Muito bom mesmo, viu!
Te Adoro!
Um Bjão!