sábado, outubro 11, 2008

poesia

"Números e constelações em amor com uma mulher", Joan Miró/1941


Vai, que a tua fantasia não me surpreende mais
Que esse claro enigma nos deixou para trás
E quando enfeitiça o quarto todo, já não me tens todo
Pouco a pouco vou de encontro ao silêncio
Inteiro sabor de até mais

E mesmo quando beijas meus sonhos
Com a urgência notívaga de um abandono
São apenas delírios a me impressionar
Todas as promessas que deixamos escapar

Vai para tão longe do peito
Ainda que quando me deito, é teu sorriso Miró
A me embriagar logo cedo
E me deixar duvidoso do fim

O meu coração oriundo de rochas antigas
Procurou conhecer o teu gosto, as tuas marcas
As tuas taras, o teu medo
E jurou segredo quando foi te visitar

Agora ele busca o ensejo
Que uma coragem infantil o deixe falar
Porque ele é tão teu como naquela noite que foste minha
Na nudez explícita de um amor

Vai, antes que a tarde me deixe aqui prisioneiro
A namorar um retrato que não me vê


3 comentários:

Ana Pérola Veloso disse...

Assim, Caju: babei! Superou todas as outras, no meu olhar!

Beijo beijo!

LEEH disse...

simplesmente lindo o que escreveu
gostei da idéia e do olhar que deste..a escolha das palavras..tudo de muito obm gosto..
na minha opinião é tua melhor poesia
e acho que o título ficaria ótimo como "sorriso miró"

beijo!

André Scheid disse...

"líndio"